sábado, 7 de junho de 2025

Resenha do documentário “Bono: Histórias de Surrender” (Apple TV)

Um dos meus assuntos favoritos na vida: U2! Minha banda do coração, a banda da minha história de vida e que até tenho tatuada na pele (é uma frase da música The Fly, uma das primeiras que escutei desde que me entendo por gente e que mais me impactaram). E no último dia 30 de maio, foi lançado pela Apple TV o documentário "Bono - Stories Of Surrender", uma jornada íntima pela vida e músicas pelo ponto de vista do vocalista do U2.


Por que assistir “Bono: Histórias de Surrender”?


Se você é como eu, fã de U2, uma pessoa apaixonada por biografias inspiradoras ou gosta de assistir documentários impactantes"Bono: Stories Of Surrender" (em português: "Bono: Histórias de Surrender") é uma escolha imperdível, pois mergulha fundo na alma, na criatividade e na trajetória de Paul David Hewson, um irlandês baixinho de 65 anos de idade que se tornou conhecido no mundo do Rock and Roll entre o final dos anos 1970 e início dos anos 1980 através de sua música, banda, ativismo e um apelido, que é sua marca registrada: Bono.

Um show solo e íntimo: Bono e sua biografia em cena


Em seu "show de um quarto" (pois se apresentava sozinho, sem seus três companheiros de banda e vida), Bono começa a contar sua história destacando momentos do que escreveu no livro, abrindo com um fato dramático de 2016 – ou um "começo dramático que poderia ter se tornado um final dramático". O cara que nasceu com um coração excêntrico, passou por uma cirurgia delicada em Nova Iorque em que poderia ter morrido.

Em seu "show de um quarto" (pois se apresentava sozinho, sem seus três companheiros de banda e vida), Bono começa a contar sua história destacando momentos do que escreveu no livro, abrindo com um fato dramático de 2016 - ou um "começo dramático que poderia ter se tornado um final dramático". O cara que nasceu com um coração excêntrico, passou por uma cirurgia delicada em Nova Iorque em que poderia ter morrido.

Relações familiares e emoções profundas


Ao som de hits que foram reeditados para esse show da turnê de seu livro e acompanhado do DJ e produtor Jacknife Lee e de duas musicistas brilhantes Kate Ellis e Gemma Doherty, vemos como Bono conta a história de sua vida e nos leva para dentro de sua ambição, sua paixão, sua celebridade, sua caridade e seus demônios familiares. Tudo isso com um tom melodramático de quem ouviu de sua mãe, Iris Hewson, que morreu quando ele tinha apenas 14 anos, que ele estava "fazendo um show".


Quem leu a biografia "Stories Of Surrender - 40 songs, one story", vai reconhecendo cada momento do show e como cada música vai se encaixando com os momentos contados por Bono. E Bono é um ótimo contador de histórias, assim como o showman que todos conhecem. Dos problemas complicados com o seu pai após a morte de sua mãe – que se tornou um assunto proibido em casa – ao primeiro encontro com sua esposa no colegial e sua entrada no U2, que ocorreram na mesma semana – Bono conta sua vida de uma maneira única e até mesmo com aquela peculiaridade e humor bem irlandeses.

Da criação do futuro primeiro hit do U2, e alguns detalhes sobre a banda que são contados, mas não é o grande foco dessa história e sim o relacionamento de Bono com seu próprio pai, Bob Hewson – a maneira como eles tomavam um drinque, uma vez por semana, no mesmo pub e simplesmente ficavam sentados ali sem dizer nada, com seu pai iniciando o processo com a pergunta ritual: "Então, algo estranho ou surpreendente?". Quando Bono fala sobre tentar impressionar seu pai com o fato de Luciano Pavarotti"o maior cantor do mundo", ter procurado o U2 para colaborar com eles, você ouve um eco do quanto ele ainda está tentando provar seu valor ao velho. E a jornada que Bono percorre para fazer isso, e para se livrar disso, é ferozdespreocupada e comovente. Você vê que Bono é alguém que, em sua luta para aceitar a natureza lamentavelmente falha do amor de seu pai, alcançou um autoconhecimento completo.

Reflexões sobre fama, ativismo e hipocrisia


Há uma outra questão que aparece nesse show: Bono confronta a questão que muitos levantaram sobre ele, a respeito da face pública de seu ativismo e filantropia — toda a imagem que ele cultivou como uma espécie de salvador dos oprimidos. Ele mesmo levanta a questão chave: ele é um astro do rock superprivilegiado, com todas as vantagens e armadilhas que vêm com isso, interpretando o papel de um santo que está fazendo algo pelos outros? Ele admite que sim. 

O cantor admite ser "um hipócrita", mas então ele a descarta, basicamente dizendo: E daí? O que importa, ele diz, não são os motivos, mas os resultados. No final, diz Bono, quem se importa se ele é um hipócrita? Ao arrecadar milhões de dólares para causas como a fome na África, ele está fazendo o que pode. Sua própria hipocrisia não precisa ser tão central. Mas aqui, de fato, está o problema com isso. 

Bono fez uma quantidade tremenda de bom trabalho. Ninguém precisa criticá-lo porque ele também é um astro do rock rico e mimado. Mas o argumento contra esse tipo de filantropia é que alguém como Bono, ao elevar o "cuidado" a um tipo de ação performática, ajudou a mudar a própria definição do que significa se importar.

Quando fazer o bem aos outros se torna uma projeção da sua própria imagem, transforma toda a cultura em algo performático. Isso dilui o significado da compaixão. E quando isso acontece, não são apenas os "motivos" que são confundidosOs resultados também.

Conclusão: uma jornada emocional e musical


Assistindo a "Stories of Surrender", você sai sabendo muito sobre Bono, sentindo como se tivesse tocado um pouco a alma dele, e isso é, em geral, uma jornada cativante. Mas você nunca se convence de que ele está em uma missão maior do que a música de si mesmoDestaque para ele cantando ópera no final do show e os pós créditos com uma versão de "The Showman" (do álbum Songs Of Experience") que dá vontade de curtir junto e até estalar os dedos no ritmo da canção.